domingo, 20 de junho de 2010

O Dia Depois do Amanhã

Atalaia após as chuvas e transbordamento do rio Paraíba do Meio

População atalaiense contabiliza os bens perdidos durante a enchente. Na região do vale do paraíba (formados pelos os bairros: Centro, Nova Olinda e Girador) ficou com uma camada de sedimentos transportados pelo rio durante a enchente. (cezar )




































































segunda-feira, 14 de junho de 2010

TCC


UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE GEOGRAFIA, DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE





Cezar Santos







IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DA CULTURA CANAVIEIRA NO MUNICÍPIO DE ATALAIA, ALAGOAS





Trabalho de Conclusão de Curso para o obtenção do título de Licenciados em Geografia pelo Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Alagoas.



Trabalho de Conclusão de Curso aprovado em: Maceió, 22 de março de 2010.



BANCA EXAMINADORA:



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Prof. Dr. José Vicente Ferreira Neto
Orientador


Sinval Autran Mendes Guimarães Júnior / Carlos Augusto de H. Padilha
Membro / Membro




Maceió
2009





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DEDICATÓRIAS



Dedico este trabalho a minha família, pelo exemplo de uma vida de trabalho honesto e pelo incentivo irrestrito durante estes anos todos de apoio à minha formação, especialmente ao meu pai Francisco Roque (em memória), que apesar de nunca ter freqüentado a área educacional formal sempre a via como um meio para transcender socialmente.
Cezar Santos

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RESUMO


Os impactos socioambientais das atividades agrícolas são em geral tênues e bastante dependentes de fatores pouco controláveis como chuvas, temperaturas, ventos, etc., podendo atingir grandes áreas de forma pouco precisa, frequentemente crônica, intermitente e de difícil quantificação. Em muitos casos, os impactos socioambientais da cultura canavieira são imperceptíveis. Este trabalho tem como objetivos mostrar os principais impactos socioambientais causados pelo cultivo da cana-de-açúcar, destacando-se os efeitos no solo, águas superficiais e águas subterrâneas em decorrência do uso de agrotóxicos e ao descarte de resíduos da agroindústria e a erosão; as emissões de poluentes pela prática corrente da queima da cana-de-açúcar e, também demonstrar a degradação social fruto das relações de trabalho, associado de uma forma ou de outra a sua expansão, ao seu sistema de cultivo do tipo monocultura de plantation. Para tentar demonstrar esses impactos advindo da cultura canavieira no município de Atalaia utilizaremos uma rebuscada referência bibliográfica expondo tais efeitos nocivos ao meio ambiente e a sociedade, constando também para isso uma entrevista com trabalhadores rurais aplicadores de agrotóxicos e fotografias tiradas na área de estudo para ilustrar esses efeitos nocivos.

Palavras-chave: cana-de-açúcar - monocultura - impactos ambientais.






INTRODUÇÃO


Hoje o município de Atalaia, situado na Microrregião Geográfica da Mata Alagoana apresenta uma paisagem bastante modificada, onde essa mudança vem desde o período colonial, quando se criou o quarto foco de povoamento das Alagoas em meados do século XVII, cuja principal atividade econômica desse período baseava-se na produção do açúcar, e que perdura até hoje, para que esta atividade possa ser produtiva precisa de grandes faixas de terras, acarretando assim, a substituição da cobertura vegetal natural, no caso a Mata Atlântica. Essa condição tem ocasionado e provocado mudanças nas características físico-químico e biológicas dessas áreas, causando a degradação ambiental com consequências sociais para a população atalaiense.
A cultura canavieira ainda é a grande empregadora de mão-de-obra e a principal atividade econômica do município, porém, sabe-se que todas as monoculturas têm impactos socioambientais, uma vez que é feito de maneira extensiva. Além de exaurir o solo paulatinamente, reduz a biodiversidade e causa a devastação. Em todo seu processo produtivo, desde o plantio até a colheita, os impactos ambientais dessa monocultura são enormes. A utilização intensiva de produtos químicos faz com que a poluição do solo e das águas seja inevitável. Os agrotóxicos são usados desde o processo de preparação do solo na tentativa de inibir o nascimento de ervas daninhas e eliminar insetos, provocando a poluição do solo e das fontes de água, inclusive no subsolo. Outra prática bastante prejudicial, tanto para o meio ambiente como para a saúde da população, é a queima da palha da cana-de-açúcar liberando fuligem no ar causando prejuízo ao bem-estar e à saúde da população, pois grande quantidade de cinzas são lançadas sobre as cidades próximas às lavouras.
Do ponto de vista social, as desvantagens também são grandes, pois a expansão do canavial provoca a expulsão da população rural, causa desemprego e reduz a produção de alimentos, principalmente as realizadas por pequenos e médios agricultores, transformando a massa de desempregados rurais em lumpenproletariado para os grandes empresários do setor sucroalcooleiro, gerando assim condições extremas de vida; refletida de um lado, pela miséria do trabalhador rural, e do outro pelo aparecimento de verdadeiros magnatas do açúcar e do álcool.
Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivos principais demonstrar o desenvolvimento da monocultura canavieira no município de Atalaia, ressaltando as modificações que esta atividade acarretou em termos de alterações ambientais e seus reflexos sociais. Onde o mesmo se encontra estruturado em três capítulos precedido por esta introdução, e ao final seguida pela conclusão. No capitulo 1 é abordado o desenvolvimento da cultura canavieira desde sua origem mais remota até aos dias atuais.
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1 UM “POUCO DE AÇÚCAR” NO INÍCIO...

Para apreender o presente, é imprescindível um esforço no sentido de voltar as costas, não ao passado, mas às categorias que ele nos legou. (Milton Santos, 2004, p. 14 -15)

No dia em que o primeiro europeu colocou uma pitada de açúcar na boca, o mundo começou a girar mais rápido. A data precisa desse acontecimento não foi registrada pela história, mas deu-se em algum momento da Idade Média. De lá para cá, na vertigem da descoberta do açúcar, a civilização ocidental passou a mudar num ritmo intenso. "O açúcar redesenhou o mapa demográfico, econômico, ambiental, político e cultural do mundo" (ABBOTT, 2009).
De todas as plantas cultivadas pelo homem, é a cana-de-açúcar aquela que acarreta maiores exigências, em termos de espaço e capital humano. A produção desse cultivo, fruto das relações de trabalho escraviza o homem, esgota o solo, devora a floresta e exauri os cursos de água, conforme expõe Josué de Castro:

Já afirmou alguém, com muita razão, que a exploração da cana-de-açúcar se processa num regime de autofagia: a cana devorando tudo em torno de si, engolindo terras e mais terras, consumindo o humo do solo, aniquilando as pequenas culturas indefesas e o próprio capital humano, do qual sua cultura tira toda a vida. E é a pura verdade. [...] Donde a caracterização inconfundível das diferentes áreas geográficas açucareira, com seu ciclo econômico do açúcar, com as fases de rápida ascensão, de esplendor transitório e de irremediável decadência.

1.3 PRODUÇÃO DO AÇÚCAR E POVOAMENTO DAS ALAGOAS

A história dos engenhos de açúcar nas Alagoas praticamente se confunde com a própria história do Estado, antiga Capitania e Província (DIÉGUES JÚNIOR, 2006). Excetuando Penedo, cuja fundação se iniciou como arraial fortificado, e em parte Atalaia, os demais núcleos populacionais de Alagoas nasceram e cresceram em torno dos engenhos de fábrica de açúcar.
Em Atalaia, mesmo, cujos fundamentos remontam aos fins do século XVII, como ponto de referência no combate aos negros palmarinos, encontrou o bangüê habitat satisfatório; e mal surgia o povoado de que Domingos Jorge Velho lançou os alicerces, começaram a aparecer os engenhos, alastrando-se rapidamente pelo vale riquíssimo do Paraíba. (DIEGUES JÚNIOR, 2006, p.25)


1.3.1 A expansão da cultura canavieira no município de Atalaia
O município tem sua historia econômica ligada aos antigos engenhos bangüês e às modernas usinas. Foi em Atalaia que surgiu a primeira fábrica moderna de açúcar de Alagoas, com a mais avançada tecnologia da época: a Usina Brasileiro (Figuras 1 e 2), que funcionou entre 1890 e 1958. Seu fundador foi o francês Félix Gustavo de Wandesmet, o Barão de Wandesmet, considerado a figura central no desenvolvimento da indústria alagoana, que durante muito anos dirigiu a Usina Brasileiro, uma das mais importantes do Brasil nos anos 20 e 30 (ANDRADE, 1994)


2.3.1 Decadência da economia sucroalcooleira em Atalaia
Após o surgimento da Usina Brasileiro em 1890, outras usinas também surgiram no município de Atalaia como a Usina Uruba em 1906, a única ainda em funcionamento no município, a Usina Ouricuri em 1920 e outras menores que surgiram e desapareceram rapidamente
Da Usina Ouricuri sobrou apenas as estruturas gigantesca símbolo de anos prósperos que marcou a economia local e uma dívida trabalhista que passa de 60 milhões de reais (MOTTA, 2009).

3 IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DA CANA-DE-AÇÚCAR


3.1 OS PROCESSOS EROSIVOS

A monocultura é uma grave doença da economia agrária, comparada por Guerra y Sanchez à gangrena que ameaça sempre invadir o organismo inteiro, e por Grenfell Price ao câncer, com o desordenado crescimento de suas células se estendendo impunemente por todos os lados. (CASTRO, 2008,p.109


3.5 O DESUMANO PROCESSO DE PROLETARIZAÇÃO

O setor canavieiro destaca-se pela capacidade de geração de empregos, porém ocorre paralelamente à isso, o principal impacto social do cultivo da cana-de-açúcar, em relação aos trabalhadores rurais.
Trata-se do processo de exploração e exclusão de homens e mulheres, cujos efeitos, além do maciço êxodo rural, são traduzidos por um violento processo de proletarização. Todos se submetem às mais duras condições de trabalho, são negados e discriminados e produzem ao mesmo tempo, as bases materiais da enorme riqueza gerada pelo setor sucroalcooleiro (SILVA, 1999).
Depois de estimular a escravidão e o tráfico negreiro durante séculos, questiona-se hoje quando a cultura da cana-de-açúcar irá cessar de explorar a mão-de-obra que utiliza.

CONCLUSÃO

O Brasil entrou no mapa mundi porque exportava açúcar. Ninguém em Portugal tomou ao pé da letra a frase da Carta de Pero Vaz de Caminha afirmando que na Terra Brasilis , “em se plantando tudo dá”.
A cultura canavieira é sem dúvida uma das maiores causadora de impactos socioambientais da atualidade, sua degradação vai do solo ao ar, atingindo grandes áreas, porém de difícil quantificação, face a despreocupação do poder público, a inobservância desses impactos por parte da sociedade e pelos setores responsáveis pela fiscalização no controle e prevenção desses impactos foi que nos instigou a elaborar essa monografia referente aos impactos causados pela cultura canavieira, tendo como área de estudo o município de Atalaia. A ausência de controle dos diversos usos dos recursos naturais e sociais, provocada pela desobediência aos princípios estabelecidos nas políticas de saúde e meio ambiente, leva ao uso e exploração irracional desses recursos utilizados pelo setor canavieiro provocando os impactos socioambientais mencionados ao longo desse trabalho. Esses impactos são vastos, profundos e crônicos. Enfrentar esses problemas no município requer política pública renovada, pois parte do processo produtivo do setor sucroalcooleiro é arcaico, sobretudo aqueles relacionados as condições de trabalho do cortador de cana-de-açúcar.
Desse modo, o desejo de colaborar delineou-se através da possibilidade de realizar uma pesquisa sobre a realidade local para subsidiar possíveis melhorias no gerenciamento dos recursos utilizados pelo setor sucroalcooleiro, proporcionando melhorias à saúde da população com vista ao desenvolvimento humano no município de Atalaia.


............ O texto se refere a fragmentos do Trababalho de Conclusão de Curso, podendo ser divulgado para isso peço que sugira a fonte: czarsantos.blogspot.com